Se existisse um panteão para as palavras de significado mais amplo, por certo, “música” e “cultura” estariam entre os destaques. Cultura é tudo o que é aprendido e partilhado pelos indivíduos de um determinado grupo e que lhe confere uma identidade. Não existe cultura superior ou inferior. Existe cultura que se deve respeitar. E a música é parte da cultura de cada povo. Ela é o cartão postal de qualquer cultura.
O Brasil desenvolveu uma diversificada cultura que impressiona até os próprios brasileiros. Faça uma viagem no repertório dos compositores brasileiros e concluirá isso. A música tem a tarefa de ser a porta-voz das melhores e piores ideias de qualquer cultura.
Durante a história, a cultura musical evangélica norte-americana ganhou o seu espaço, afinal, os Estados Unidos era um país quase que totalmente cristão, que exportava música para o mundo todo, inclusive, o Brasil, via missionários. Pode-se dizer tranquilamente que a cultura musical evangélica brasileira nunca foi legitimamente brasileira, mesmo sendo cantada em língua portuguesa.
Musicalmente, os brasileiros são norte-americanos cantando em português. Nascemos sem identidade; e continuamos. A verdadeira cultura musical brasileira passa pelos seus típicos instrumentos – tamborim, pandeiro, sanfona, cavaquinho, violão de cordas nylon. Por isso, cada vez mais, os músicos evangélicos se distanciam dos incrédulos.
A nossa melhor arma, a música, está distante da realidade cultural do brasileiro. Infelizmente, o cristão brasileiro foge do samba, do baião, da timbalada, da catira, como o Diabo foge da cruz. As igrejas evangélicas que desejarem entrar na guerra contra os cânceres que estão destruindo o Brasil – a corrupção, as drogas, o crime – obrigatoriamente, terão que mudar a mentalidade musical.
As vidas que precisam ser alcançadas são legítimos brasileiros que amam a rica cultura brasileira. Parem de tentar enganá-los com música americana. Eles escutam, respeitosamente, mas dificilmente a mensagem desce ao coração.
Atilano Muradas (adaptado)